26/02/2011

O inferno de fogo 2




O inferno de fogo

Podemos definir o inferno como segue: O inferno é lugar de castigo eterno e consciente para o ímpio. As Escrituras ensinam em várias passagens que existe tal lugar. No fina] da parábola dos talentos,o senhor diz: “E o servo inútil, lançai-o para fora, nas trevas. Ali haverá choro e ranger de dentes” (Mt 25.30). Esta é uma das várias indicações de que haverá consciência do castigo após o juízo final. De modo semelhante, o rei dirá a alguns no julgamento: “Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos” (Mt 25.41), e Jesus diz que essas pessoas assim condenadas irão “para o castigo eterno; porém os justos, para a vida eterna” (Mt 25.). Nesse texto, o paralelo entre “vida eterna” e “castigo eterno” indica que ambos os estados não terão fim.

Jesus refere-se ao inferno como “o fogo inextinguível” (Mc 9.43) e diz que o inferno é um lugar “onde não lhes morre o verme, nem o fogo se apaga” A história do rico e Lázaro também indica uma consciência horrível de castigo:



"Morreu também o rico e foi sepultado. No inferno, estando em tormentos, levantou os olhos e viu ao longe a Abraão e Lázaro no seu seio. Então, clamando, disse... manda a Lázaro que molhe em água a ponta do dedo e me refresque a língua, porque estou atormentado nesta chama" (Lc 16.22.24).



Quando nos voltamos para Apocalipse, as declarações deste castigo eterno são bem explícitas:



“Seguiu-os ainda um terceiro anjo, dizendo com grande voz: Se alguém adorar a besta, e a sua imagem, e receber o sinal na fronte, ou na mão,também o tal beberá do vinho da ira de Deus, que se acha preparado sem mistura, no cálice da sua ira; e será atormentado com fogo e enxofre diante dos santos anjos e diante do Cordeiro.A fumaça do seu tormento sobe para todo o sempre; e não têm repouso nem de dia nem de noite os que adoram a besta e a sua imagem, nem aquele que recebe o sinal do seu nome.” [Apocalipse 14:9-11]

Essa passagem afirma de modo claro a idéia de castigo eterno e consciente dos incrédulos:



Com respeito ao julgamento sobre a cidade iníqua de Babilônia, uma grande multidão no céu clama: “Aleluia! E a sua fumaça sobe pelos séculos dos séculos” (Ap 19.3). Depois que a rebelião final de Satanás é esmagada, lemos: “O diabo, o sedutor deles, foi lançado para dentro do lago de fogo e enxofre, onde já se encontram não só a besta como também o falso profeta; e serão atormentados de dia e de noite, pelos séculos dos séculos” (Ap 20.10). Essa passagem é significativa também em associação com Mateus 25.41, em que os incrédulos são enviados “para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos”. Esses versículos devem fazer-nos perceber a imensidão do mal que há no pecado e na rebelião contra Deus, e a magnitude da santidade e da justiça de Deus que trazem à tona esse tipo de julgamento.

A idéia de que haverá castigo eterno e consciente dos incrédulos tem sido negada recentemente até mesmo por alguns teólogos evangélicos. Antes disso, já tinha sido negada pelas Testemunhas de Jeová, Igreja Adventista do Sétimo Dia e por vários indivíduos ao longo da história da igreja. Com freqüência aqueles que negam o castigo eterno e consciente defendem o “aniquilacionismo” um ensino segundo o qual, depois que os ímpios tiverem sofrido a pena imposta pela ira de Deus por um tempo, Deus irá “aniquilá-los” de modo que não mais existirão. Muitos dos que acreditam no aniquilacionismo também defendem a realidade do juízo final e do castigo para o pecado, mas alegam que depois de os pecadores sofrerem por certo período a ira de Deus contra seus pecados, deixarão por completo de existir. O castigo será, portanto, “consciente”, mas não “eterno”.

Os argumentos apresentados a favor do aniquilacionismo são: (1) as referências bíblicas à destruição dos ímpios, que, segundo alguns, implicam que eles não existirão mais depois de serem destruídos (Fp 3.19, BLH; lTs 5.3; 2Ts 1.9; 2Pe 3.7; et aI.); (2) a aparente incoerência do castigo eterno e consciente com o amor de Deus; (3) a aparente injustiça envolvida na desproporção entre pecados cometidos no tempo e o castigo que é eterno; e (4) o fato de que a presença contínua de criaturas más no universo de Deus prejudicará eternamente a perfeição de um universo criado para refletir a glória divina.



Em resposta, deve-se observar que as passagens que falam de destruição (tais como Fp 3.19, BLH; lTs 5.3; 2Ts 1.9; e 2Pe 3.7) não implicam necessariamente a cessação da existência, pois os termos traduzidos por “destruição” nesses textos nem sempre significam aniquilação e podem ser apenas maneiras de falar do juízo final sobre os incrédulos. Com respeito ao argumento baseado no amor de Deus, a mesma dificuldade em harmonizar o seu amor com seu castigo eterno parece estar presente na harmonização do amor de Deus com qualquer idéia de castigo divino; e, no sentido inverso, se Deus é coerente ao punir os ímpios após certo tempo durante o juízo final então não parece haver nenhuma razão necessária pela qual Deus seria incoerente ao infligir o mesmo castigo por um período interminável. Esse tipo de raciocínio pode levar algumas pessoas a adotar outra espécie de aniquilacionismo, em que não há nenhum castigo consciente, nem mesmo por um breve tempo, e a única punição é que os incrédulos deixam de existir depois de morrer. Mas em resposta pode-se indagar se esse tipo de aniquilação imediata pode realmente ser chamado castigo, uma vez que não haveria nenhuma consciência de dor. Na realidade, a garantia da cessação em especial para aqueles que estão em sofrimento possuem vários aspectos. E se não há nenhum mo Hitler e Stalín não teriam nada vindo o. Por conseguinte, as pessoas teriam grande incentivo para serem tão más quanto possível nesta vida.

O argumento de que o castigo eterno é injusto (porque há uma desproporção entre pecado temporário e punição eterna) pressupõe de modo errado que nós sabemos a extensão do mal praticado quando os pecadores se rebelam contra Deus. David Kingdom observa que o pecado contra o criador é hediondo num grau absolutamente maior do que pode conceber nossa imaginação (capacidade) deformada pelo pecado. [...] Quem cometeria a temeridade de sugerir a Deus como o castigo [...] deve ser?”’ Ele responde também a esta objeção dando a entender que os incrédulos no inferno poderão continuar pecando e recebendo castigo por seus pecados, mas nunca se arrependendo, e observa que Apocalipse 22:11 aponta nessa direção: “Quem é injusto, faça injustiça ainda: e quem está sujo, suje-se ainda; e quem é justo, faça justiça ainda; e quem é santo, santifique-se ainda.”



Ademais pode-se deduzir neste ponto um argumento baseado na justiça de Deus contra o aniquilacionismo. O curto período de castigo imaginado pelos aniquilacionistas paga de fato todo o pecado do incrédulo e satisfaz a justiça de Deus? Se não, então a justiça de Deus não foi satisfeita, e o incrédulo não deve ser aniquilado. Mas se a resposta for afirmativa, então o pecador deve ter permissão para entrar no céu e não deve ser aniquilado. Qualquer que seja o caso o aniquilacionismo não é necessário nem correto. Com relação ao quarto argumento que o mal permanece sem punição deprecia a glória de Deus no universo, devemos notar também que quando Deus pune o mal e triunfa sobre ele, a glória de sua justiça, retidão e poder para triunfar sobre toda a oposição será vista. (Rm. 9:17; 22-24) A profundidade das riquezas da misericórdia de Deus também será revelada, pois todos os pecadores redimidos reconhecerão que eles também merecem tal castigo da parte de Deus e escaparam disso unicamente pela graça de Deus por Jesus Cristo (Rm 9:23-24).

Contudo depois de dizer tudo isso, temos que admitir que a solução definitiva das profundezas dessa questão ultrapassa nossa capacidade de entender e permanece oculta nos conselhos de Deus. Não fosse pelas passagens das Escrituras citadas acima que afirmam de modo tão claro o castigo eterno e consciente, a aniquilação poderia parecer-nos uma opção atraente. Embora a aniquilação possa ser contestada por meio de argumentos teológicos, são em última análise a clareza e a força das próprias passagens que nos convencem de que o aniquilacionismo é incorreto e que as escrituras de fato ensinam o castigo eterno e consciente dos ímpios.

Que devemos pensar sobre essa doutrina? Para nós é muito difícil – e deve ser difícil mesmo – pensar nessa doutrina hoje. Se nosso coração não for tocado pela profunda tristeza ao contemplar essa doutrina, então há séria deficiência em nossa sensibilidade espiritual e emocional. Quando Paulo pensa na perdição de seus patrícios diz: “Tenho grande tristeza e incessante dor no coração”. Isso é coerente com o que Deus diz sobre a morte do ímpio: “Dize-lhes: Vivo eu, diz o Senhor Deus, que não tenho prazer na morte do ímpio, mas sim em que o ímpio se converta do seu caminho, e viva. Convertei-vos, convertei-vos dos vossos maus caminhos; pois, por que morrereis, ó casa de Israel?” [Ezequiel 33:11]. E a agonia de Jesus é evidente quando ele clama: “E quando chegou perto e viu a cidade, chorou sobre ela,

42 dizendo: Ah! se tu conhecesses, ao menos neste dia, o que te poderia trazer a paz! mas agora isso está encoberto aos teus olhos.” [Lucas 19:41-42].

A razão pela qual é tão difícil para nós pensar na doutrina do inferno é que Deus pôs em nosso coração uma porção de seu amor pelas pessoas criadas à sua imagem, o mesmo amor pelos pecadores que se rebelaram contra Ele. Enquanto permanecemos nesta vida, e enquanto vemos e pensamos sobre os outros que precisam ouvir o evangelho e aceitar a Cristo para receber a salvação, pensar no castigo eterno deve causar-nos grande sofrimento e angústia de espírito.

Contudo, devemos entender também que tudo o que Deus em sua sabedoria ordenou e ensinou nas Escrituras é certo. Portanto, devemos nos cuidar para que não venhamos a odiar essa doutrina ou nos rebelar contra ela; antes, devemos procurar, na medida do possível, chegar ao ponto de reconhecer que o castigo eterno é bom e certo, porque em Deus não há nenhuma injustiça.

Pode-nos ser de ajuda perceber que se Deus não executar punição eterna, então, aparentemente, sua justiça não seria satisfeita e sua glória não seria promovida de maneira que ele julga sábia. E talvez nos seja útil também perceber que da perspectiva do mundo por vir há muito maior reconhecimento da necessidade e da justiça do castigo eterno.João ouviu os crentes martirizados clamarem no céu: “Até quando, ó Soberano Senhor, santo e verdadeiro, não julgas, nem vingas o nosso sangue dos que habitam sobre a terra?” (Ap 6.10). Além disso, no momento da destruição final da Babilônia, a grande voz de uma numerosa multidão no céu clama em louvor a Deus, em virtude da retidão do seu julgamento, ao ver por fim a natureza hedionda do mal pelo que ele realmente é:



Aleluia! A salvação, e a glória, e o poder são do nosso. Deus, porquanto verdadeiros...

e justos são os seus juízos, pois julgou a grande meretriz que corrompia a terra com

a sua prostituição e das mãos dela vingou o sangue dos seus servos 1..] Aleluia! E

a sua fumaça sobe pelos séculos dos ;éculos (Ap 19:1-3).



Assim que isso aconteceu, “os vinte e quatro anciãos e os quatro seres viventes prostraram-se e adoraram a Deus, que se acha sentado no trono, dizendo: Amém! Aleluia!» (Ap 19.4). Não podemos dizer que essa grande multidão de redimidos e os seres viventes no céu tem julgamento moral errado quando louvam a Deus por exercer juízo sobre o mal, pois eles estão todos livres do pecado e seu julgamento moral é agradável a Deus.

Nesta presente era, porém, devemo-nos aproximar de tal celebração da justiça de Deus em castigar o mal só quando meditamos sobre a punição eterna dada a Satanás e seus demônios. Quando pensamos neles, não os amamos instintivamente, embora também sejam criaturas de Deus. Mas agora estão completamente devotados ao mal e fora do alcance da redenção. Logo, não podemos ansiar pela salvação deles do mesmo modo pelo qual ansiamos pela salvação de toda a humanidade. Devemos crer que o castigo eterno e verdadeiro e justo; contudo devemos também desejar que até mesmo aquelas pessoas que perseguem a igreja do modo mais cruel cheguem à fé em Cristo e, dessa forma, escapem da condenação eterna.

Um comentário:

Anônimo disse...

O Julgamento do Grande Trono Branco é encontrado em Apocalipse 20:11-15 e é o julgamento final antes que os perdidos sejam lançados ao lago de fogo (o lugar de eterna punição comumente conhecido como inferno). Sabemos, através de Apocalipse 20:7-15 que este julgamento ocorrerá após o milênio e após Satanás, a besta e o falso profeta serem lançados ao lago de fogo (Apocalipse 20:7-10). Os livros que forem abertos (Apocalipse 20:12) contêm registros dos feitos de todos, bons ou maus, porque Deus sabe tudo o que já foi dito, feito ou mesmo pensado; e Ele recompensará ou punirá cada qual adequadamente (Salmos 28:4; Salmos 62:12; Romanos 2:6; Apocalipse 2:23; Apocalipse 18:6; Apocalipse 22:12).

Nesta hora é aberto também outro livro, que é o “livro da vida” (Apocalipse 20:12). Este é o livro que determina se uma pessoa herdará vida eterna com Deus ou receberá punição eterna no lago do fogo. Mesmo sendo os crentes responsáveis por seus atos, eles são perdoados em Cristo e seus nomes são escritos no “livro da vida desde a fundação do mundo” (Apocalipse 17:8). Das Escrituras também aprendemos que é neste julgamento que Jesus assim julgará: “E os mortos foram julgados pelas coisas que estavam escritas nos livros, segundo as suas obras” (Apocalipse 20:12) e que o nome de qualquer um que não for achado no livro da vida, este será lançado no lago de fogo (Apocalipse 20:15).

O fato de que haverá um julgamento final para todos os homens, crentes e não crentes, é claramente confirmado em muitas passagens da Escritura. Cada pessoa, um dia, estará de pé perante Cristo e será julgada por seus atos. Apesar de ser muito claro que o Julgamento do Grande Trono Branco é o julgamento final de Cristo, os cristãos discordam a respeito de como isto se relata com os outros julgamentos mencionados na Bíblia, e a respeito de quem exatamente será julgado no Julgamento do Grande Trono Branco.

Muitos cristãos acreditam que as Escrituras revelam três diferentes julgamentos que virão. O primeiro será o julgamento dos “bodes e ovelhas” ou um “julgamento das nações”, como visto em Mateus 25:31-36. Eles crêem que ocorrerá após o período da tribulação, mas antes do milênio, e que servirá para determinar quem entrará no reino milenar. O segundo é um julgamento das obras dos crentes, ao qual freqüentemente se refere como o “Grande Tribunal de Cristo” (II Coríntios 5:10), no qual os cristãos receberão graus de recompensas por seus feitos ou serviços a Deus. O terceiro é o julgamento do “grande Trono Branco”, ao final do milênio (Apocalipse 20:11-15); que é o julgamento dos incrédulos, no qual serão julgados de acordo com suas obras e sentenciados à punição eterna no lago de fogo.