09/04/2011

A cremação de corpos



“O espírito é o que vivifica, a carne para nada aproveita; as palavras que eu vos disse são espírito e vida.” – (João, 6:63).
Vez por outra, recebemos notícias de que alguém que morreu, teve o seu corpo cremado. Alguns guardam as cinzas dos falecidos e outros, as espalham pelos campos e pelos rios. Queimar corpos de pessoas falecidas é uma prática antiga, oriunda de povos pagãos e que acabou vindo parar no mundo ocidental. Na história do Povo de Deus, não há referências a este tipo de conduta fúnebre. De modo geral, os cadáveres e as sepulturas eram considerados imundos, e os tais, deveriam ser enterrados no chão, como é de costume.
Para nós crentes, a questão é um pouco mais profunda. Boa parte dos cristãos acredita na ressurreição dos cadáveres, que no dia do Juízo, voltariam a cobrir as almas dos que morreram e foram salvos. Mas, há passagens que testifique essa ressurreição da carne? Não, não há passagens claras a esse respeito nas Escrituras. Porém, há testemunhos de pessoas que morreram nos tempos antigos e voltaram a aparecer no cenário terreno. É o caso, por exemplo, da aparição de Moisés e Elias, no episódio da transfiguração, narrado nos Evangelhos. E, a visão era tão real, que os discípulos ficaram confundidos, perguntando ao Senhor, se deveriam fazer uma tenda, para abrigá-los.
A história da humanidade também é pródiga de casos e situações em que pessoas têm visão de falecidos. O que parece não haver dúvidas é que de um, ou de outro modo, o ser humano depois que morre continua existindo do lado de lá. E essa existência acontece por meio de um corpo. Com certeza, não se trata do corpo depositado na sepultura. Paulo, ao escrever aos Coríntios, na sua primeira carta, trata da questão do corpo da ressurreição. O capítulo quinze é riquíssimo em instruções a respeito de como é possível continuar existindo depois que o corpo morre.
Não vamos fazer nenhum estudo, nem examinar os muitos argumentos dos teólogos e entendidos, mas apenas lembrar o que disse o Apóstolo. A vida do homem é como uma semeadura. Semeia-se natureza carnal, ressuscita-se natureza espiritual. Semeia-se corpo animal, ressuscita-se corpo espiritual. Há corpo carnal e há corpo espiritual. Primeiro é a vida na carne e depois, a vida espiritual. Trazemos em nós, a imagem do homem terreno e também a imagem do homem espiritual. A carne e o sangue não podem herdar o reino de Deus.
São muitas as colocações do Apóstolo a favor da existência do corpo espiritual, que surge na morte do corpo carnal. Então, qual a dúvida? A questão toda reside no fato de que o corpo de Cristo desapareceu. As narrativas bíblicas apontam para a subida do Filho de Deus aos céus, de posse do seu corpo físico. É o que a história chamou de “ressurreição da carne”. Sendo assim, se vamos ressuscitar no último dia, precisaremos do nosso corpo. Um bom número de pessoas acredita que no Dia do Juízo, os corpos em que viveram, serão novamente constituídos por Deus. E, sendo assim, aquele que tem o seu corpo cremado, ficaria sem corpo. Como ele ressuscitaria? É claro que Deus teria poder para ajuntar os átomos e as moléculas dispersos pelo fogo, constituindo novamente o corpo do falecido. É assim também, com os corpos destruídos em acidentes, devorados por animais e outros gêneros de morte.
Portanto, quem acredita na ressurreição da carne, pode ficar tranqüilo. Independente do tipo de morte e do destino do corpo, o Senhor é poderoso para ajuntar novamente os restos cadavéricos e torná-los de novo a vestimenta da alma. Mas, não seria mais simples aceitar que a alma pode viver na Eternidade, sem o tal corpo que ficou na sepultura? Afinal, para quê serviria um corpo carnal do lado de lá, se as almas nos parece continuar vivendo normalmente, como no caso de Moisés, Elias e Lázaro. Não há na Bíblia resposta para isso, irmãos. Na verdade o corpo de carne, reconstituído pela ressurreição, não teria nenhuma serventia, a não ser que existisse no céu uma vida orgânica, coisa que não pode ser testificada pelas Escrituras.
E, se a idéia de um corpo espiritual é tão simples assim, por que não é aceita pelos estudiosos? Aceitar uma coisa dessa ordem, seria admitir que, em relação à existência da vida depois desse mundo, sempre se andou no escuro. A teologia teria de ser reformada em todas as suas bases e, forçosamente, haveria uma reforma na igreja, talvez mais profunda do que aquela que aconteceu na idade média. Os teólogos bradariam: querem ressuscitar aquele herege do Orígines; isso é gnosticismo; é uma astuciosa obra do demônio. Todos aqueles gritos, bem conhecidos da história.
Continuemos crendo naquilo que sempre acreditamos, sendo cada um livre para aceitar ou não, o corpo espiritual independente da vestimenta carnal. Sim, existem dúvidas, muitas dúvidas. Mas, com a chegada dos tempos do fim, a luz virá com tal poder, que nada ficará oculto e a face dos crentes, será iluminada para sempre. E veremos todas as coisas, sem mentiras. Aqueles que durante a história da igreja fomentaram no povo falsas doutrinas e crenças, eles serão desmascarados e sofrerão o castigo da vergonha eterna. Honra e glória ao Filho de Deus, Jesus Cristo, Nosso Senhor e Salvador. AMÉM.

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